Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

A primeira morte por Covid-19, registrada no último domingo (10) culminou em medo e preocupação nos serra-talhadenses, principalmente nos que precisam ter contato com os corpos infectados, como é o caso dos coveiros. Apesar do medo, Edvaldo Barros de Oliveira, 45 anos, coveiro há cerca de 20 anos, diz que a fé, através da reza diária, ajuda a mantê-los firmes.
Durante entrevista ao Farol,  ele relatou que este é um momento complicado, nunca visto durante anos de profissão. “A gente fica com medo com tudo isso, é bem complicado. Nunca vi nada parecido com o que está acontecendo com essa pandemia. Há muito tempo, as pessoas morriam de bronquite, pneumonia, mas não como agora.” Disse Edvaldo e prosseguiu relembrando:

“Domingo fizemos o sepultamento da mulher que disseram que morreu de covid. Ficamos com medo, mas estamos mais confortados porque aquela roupa adequada, chegou no sábado (9). Mas, ao mesmo tempo, ainda não estamos bem protegidos porque as roupas, tudo bem, mas as luvas que vieram, pelo amor de Deus, é mesmo que nada. Nós fazia o serviço, tirava a roupa, mas tinha que ficar pegando”, lamentou o coveiro.
FALTA UM BANHEIRO
Edvaldo Oliveira ainda relatou a reportagem do Farol que se arrisca e arrisca a família todos os dias por faltar banheiro no cemitério para poderem fazer uma higienização mais adequada antes de voltar para casa, e não apenas lavar as mãos, consequentemente levando bactérias no corpo e na roupa para casa.
“Estamos usando os equipamentos, se higienizando, mas tem um problema aqui. Não ter banheiro. A gente termina o serviço e não tem um banheiro para tomar banho. Ter que ir do jeito que está aqui pra casa. Tando estamos se arriscando quando a família em casa. Meu irmão cobra direto esse banheiro, mas tenho medo porque tenho minha mãe idosa em casa”, declarou, em tom de preocupação.
O coveiro finalizou sua fala demostrando que a categoria corre riscos, é esquecida e desvalorizada mas que além de se higienizarem e se protegerem com os equipamentos disponibilizados, como relatou anteriormente, todos dias fazem suas orações pedindo proteção a Deus
“Nos preocupa muito e remos todos os dias quando vamos trabalhar, não só por causa do covid porque corremos riscos todos os dias porque fazia os serviços aqui sem ter roupa, bota, luvas, vieram chegar agora. Lembraram dos coveiros só agora por causa do covid. É uma profissão arriscada e desvalorizada, mas não temos outra opção. Agora corremos mais riscos, mas seguimos rezando pedindo de proteção a Deus.” Finalizou Edvaldo.

Via:https://faroldenoticias.com.br