‘Ela falou para eu não desmaiar’, diz namorado de jovem que teve couro cabeludo arrancado em kart




“Quando saímos de Boa Viagem para o hospital, ela veio me dando forças. Ela falou para eu não desmaiar. Disse ‘se você desmaiar, não vai ter quem me socorra e eu vou morrer'”, é o que afirma o microempresário Eduardo Tumajan, namorado de Débora Stefanny Dantas de Oliveira, de 19 anos, que teve o couro cabeludo e parte da pele arrancados num acidente de kart, no Recife, no domingo (11).

Segundo Eduardo Tumajan, a vítima, que está internada no Hospital da Restauração (HR), no Centro da cidade, se recupera bem e está otimista com o tratamento. Eduardo disse que pegou “o rosto dela na mão” e correu para levá-la ao hospital.

A parte arrancada pelo kart foi reimplantada. Depois disso, a jovem passou por nova cirurgia para a retirada de trombos (obstruções nas veias). Entretanto, segundo Eduardo, os médicos informaram, nesta quinta-feira (15), que a pele terá que ser removida.

“O médico fez o reimplante, mas teve muitos trombos e, por isso, eles deverão remover. Antes, a chance de o implante vingar era de 30%. Agora, está em 1% e, provavelmente, vai secar e precisar ser removido. Por isso, devem fazer enxertos com pele das costas e dos glúteos dela”, declara Eduardo.

O HR informou que o estado de saúde de Débora é estável e que ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A assessoria de comunicação da unidade hospitalar não confirmou a necessidade de remoção do implante e afirmou que emitirá um novo boletim de saúde na sexta-feira (16).

“Ela gosta muito de brincar, nunca a vi cabisbaixa. Internada, ela sempre diz que está feliz de estar viva. O que me dá forças é chegar todo dia e vê-la com um sorriso de orelha a orelha. Ela ama a vida e o sonho dela é ser médica. Agora, ela diz que isso fortaleceu ainda mais o desejo. Diz que quando ver pessoas passando algo parecido, vai saber confortar”, diz Eduardo.

A família, agora, pretende transferir a jovem para um hospital nos Estados Unidos, para que Débora seja tratada por uma equipe que acompanhou por videoconferência a cirurgia de reimplante do couro cabeludo dela. O procedimento foi feito pelo cirurgião Jonathan Vidal e durou cerca de sete horas.

“Conversamos com o médico e ele nos disse que fez a cirurgia com ajuda de uma equipe de Houston, no Texas, e que eles querem atendê-la, mas precisamos custear transporte e tratamento. Isso seria o ideal para ela e estamos tentando com o Walmart [supermercado onde aconteceu o acidente], mas eles marcaram uma reunião ontem e não compareceram”, afirma Eduardo.

Otimismo

Segundo Eduardo, Débora precisou ser forte desde muito cedo. Nascida em 29 de fevereiro de 2000, ela foi criada pelos avós, que morreram quando ela ainda era menor de idade. A avó dela faleceu quando a jovem tinha 17 anos. Desde então, ela passou a morar com uma amiga.

Mesmo com as dificuldades, ela foi aprovada no vestibular em administração, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Débora não chegou a finalizar a graduação, porque o sonho de sua vida era a medicina. Ao fazer o curso, no entanto, ela conseguiu o primeiro trabalho, ganhando R$ 380.

“Ela ganhava R$ 380 nessa época e pagava R$ 350 de aluguel. Ficava com R$ 30 no bolso e se alimentava de pipoca e água o mês inteiro. Ela pesava menos de 40 quilos quando nos conhecemos. Ela parece bem cuidada, porque é muito linda, mas é muito simples, sofreu muito na vida e, agora, está passando por mais essa”, declara Eduardo.

Atualmente, Débora trabalha como professora de inglês num curso localizado no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. No local, ela é chamada de “Tia Rapunzel”, por causa dos longos cabelos.

Internada na UTI, Débora se mantém consciente de seu próprio estado de saúde e tem fé no tratamento. Ela mora no bairro do Engenho do Meio, na Zona Oeste do Recife, com três gatos. Segundo Eduardo, os mascotes são uma prioridade na vida da jovem, mesmo depois do acidente.

“Ela fala muito para levar comida para os três gatinhos dela e diz que está torcendo para ser transferida. Ela tem a casa com os gatos, mas dorme toda noite na minha casa. Ela está com os olhos abertos, já come feijão batido no liquidificador e amanhã [sexta] vão tentar fazer ela andar, com ajuda de um fisioterapeuta”, diz Eduardo. (G1)

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