Cinco dias após o tiroteio que deixou 14 mortos em Milagres, uma nova polêmica surgiu em torno do caso. Um familiar do empresário João Magalhães, morto na Tragédia de Milagres, contestou nessa quarta-feira (12) a versão dada por um policial que teria participado da ação.
O PM, que não quis se identificar, havia afirmado em entrevista ao O Povo Online que a polícia não chegou atirando, mas sim foi recebida a tiros. Na operação, 14 pessoas morreram, seis delas eram reféns. O policial relatou que os reféns já estavam mortos e com os corpos empilhados.
A declaração diz ainda “em momento algum sabíamos que havia reféns. Não houve escudo humano. Não foram visualizados reféns na frente do banco ou qualquer sinal dos bandidos para avisar que estavam com reféns. Nós não saímos atirando contra os carros. Nós trocamos tiros com os bandidos na cidade”, disse o policial.
Em entrevista à TV Jangadeiro, João Daniel, primo da vítima – que não estava no carro no momento do ocorrido – negou a versão do policial e afirmou que reféns foram mortos pela polícia e não por bandidos. “Se eu sou bandido, eu vou matar meu escudo? Eu nunca vi na história um refém ser morto antes da polícia atirar”.
De acordo com João, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) informa que a causa da morte do empresário foi uma hemorragia, às 3h15 da sexta-feira (7). O filho morreu às 2h. “João Magalhães morreu agonizando por 1h15, sem socorro. Vinícius teve morte instantânea (…) Não socorreram, ele morreu com tiro de fuzil, arma de guerra. As armas dos bandidos eram de calibre 12. Quem matou foi a polícia”.
O primo da vítima chama atenção ainda para as armas dos criminosos, que não foram divulgadas. “Cadê as fotos das armas dos bandidos? Em toda operação da polícia, as armas, coletes e projéteis ficam no chão formando o nome do grupo que apreendeu”.
Entenda o caso
Um grupo fortemente armado chegou à cidade de Milagres durante a madrugada e tentou atacar duas agências bancárias. De acordo com informações preliminares levantadas pela inteligência e que serão aprofundadas durante o inquérito da Polícia Civil, os assaltantes renderam pessoas que passavam pela BR-116 e levaram os reféns até os bancos.
O grupo utilizou um caminhão para bloquear o acesso dos carros na rodovia. As viaturas do BPChoque entraram na cidade e, ao se posicionar próximo ao banco, se depararam com a ação criminosa em andamento. Houve troca de tiros entre suspeitos e os profissionais de segurança.
Durante o tiroteio, cinco criminosos foram baleados e vieram a óbito no local; outros dois foram atingidos por disparos, socorridos e morreram em unidades hospitalares. O oitavo suspeito morreu em outro confronto com a Polícia no município de Barro. Além dos criminosos, seis reféns foram feridos e morreram. Até o momento, oito pessoas foram presas.
De acordo com o governador Camilo Santana, os policiais envolvidos na ação foram afastados e cumprem trabalhos administrativos.
Da Tribuna do Ceará